O Património Natural de Sintra tem sido objeto de várias referências elogiosas através dos séculos, deslumbrando muitos dos que aqui têm vivido, ou visitado, este Glorioso Éden. Assim, não é de estranhar que na literatura e obras pictóricas de artistas de várias nacionalidades o arvoredo se destaque. Nesse sentido, é de realçar que as árvores de grande porte, que enquadram o Centro Histórico de Sintra, fazem parte de um todo paisagístico, no qual se destacam e onde coexistem, entre outros elementos, taludes arborizados e ajardinados, fontes, estatuária, construções várias, vestígios de outras épocas, minas e nascentes. Como diz José Alfredo da Costa Azevedo na sua obra "Vila Velha Ronda pelo Passado", e baseando-se na planta de 1850 de José de Abreu, Capitão Engenheiro Secretário da Comissão do Tombo dos Bens da Coroa, já nessa época havia arvoredo muito denso nas quintas que aqui existiam. Muito desde arvoredo terminava numa linha curva convexa muito suave a que corresponde, mais ou menos, a atual Volta do Duche e onde havia e foram apontadas a existência de várias árvores. Muitas árvores centenárias sobreviveram até hoje às mudanças operadas pelo homem nestes locais. Em 1949, o urbanista Etienne de Groër, no seu Plano de Urbanização de Sintra recomendava que: "o Palácio Nacional de Sintra fosse protegido por faixas non-aedificandi e que esse monumento não venha a ser desguarnecido do emolduramento verde que lhe faz a vegetação". A afirmava também: "Não fazemos quaisquer grandes transformações na rede dos arruamentos de Sintra para que não sejam cortadas as árvores centenárias". Em 1995, a Unesco classificou Sintra como Paisagem Cultural da Humanidade. Esta distinção internacional aumentava, assim, assinalavelmente a responsabilidade de todos. Em 2014, a Portaria nº. 124/2014 de 24 de Junho, no capítulo II, artigo 7, alínea c) refere o valor do arvoredo quando associado a figuras relevantes da cultura portuguesa. No caso de Sintra teria como consequência uma listagem bastante grande, pelo que se destaca apenas Francisco Costa que, em 1945, na obra “A Garça e Serpente” escreve sobre as árvores gigantes da Volta do Duche e Maria Gabriela Llansol, na sua obra "Parasceve" tem como notável protagonista o plátano por ela denominado Grande Maior. Através das traduções em várias línguas , esta árvore é universalmente conhecida e na Volta do Duche está assinalada pela Câmara Municipal de Sintra. A alínea g) do artigo 7º e capítulo 2 da referida Portaria nº. 124/2014 realça “a importância determinante na valorização estética do espaço envolvente e dos seus elementos naturais e arquitetónicos” o que se enquadra na paisagem sintrense. De Sintra, fazem também parte aspetos relevantes da Estefânea, onde as árvores conferem marcos identitários, nomeadamente à Correnteza e espaços adjacentes (quintas e arruamentos). No Arrabalde e em São Pedro de Penaferrim o arvoredo pontifica nas quintas, largos, jardins e arruamentos, sendo de destacar o Largo D. Fernando II (Largo da Feira) como um sítio de referência de São Pedro. A Av. Conde de Sucena é ladeada por árvores que, desde há muito, proporcionam a quem entra em Sintra, por São Pedro, uma sensação de harmonia. As altaneiras árvores do Ramalhão acolhem o visitante anunciando um lugar onde o verde abraça o edificado, realçando-lhe o caráter. Também na Estrada de Chão de Meninos até à Estefânea, as árvores frondosas acompanham a vegetação luxuriante que caracteriza a paisagem sintrense. A proteção do património natural deve merecer o mesmo cuidado dispensado ao património edificado, pois o genius loci de Sintra desapareceria com todas as consequências adversas daí resultantes, para a economia local, do país e qualidade de vida dos seus habitantes.
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